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Renascido da antiguidade

quarta-feira, 27 de junho de 2007


No fim do terceiro milênio a.C., línguas como o aramaico, o ugarítico e varias outras línguas cananitas eram faladas no Levante ao lado de outros influentes dialetos. À medida que os hebreus migraram para o sul, foram recebendo influência dos povos do Levante, adotando então, dialetos cananitas. A primeira amostra do hebraico escrito é o Calendário de Gezer, datado do século X a.C., época dos reis Davi e Salomão.
O hebraico moderno é uma língua semítica pertencente à família das línguas afro-asiáticas. Muitos dos textos bíblicos que formam o Antigo Testamento, que os judeus ortodoxos consideram terem sido escritos na época de Moisés, cerca de 3.300 anos atrás, foram redigidos em hebraico clássico. O hebraico tomou forma a partir do dialeto falado em Jerusalém por volta do século X a.C. e mostrou pequenas mudanças até o período do exílio na Babilônia, no século VI a.C., quando foi então substituído no uso diário pelo aramaico, tornando-se este, uma espécie de língua franca no Oriente Médio.
Contudo, o hebraico constitui um excepcional exemplo de língua da antiguidade que foi revivida com sucesso como língua moderna. Durante o período de exílio, o hebraico foi conservado como língua litúrgica, até meados do século XIX, quando Eliezer Ben Yehuda, em 1881, estabeleceu-se na Palestina e deu início a um trabalho de restauração do hebraico como língua falada.
Uma das primeiras pessoas a se tornar um falante nativo do hebraico na modernidade foi Ehud Ben Yehuda, o segundo filho de Eliezer. Seus pais só falavam com ele em hebraico e, provavelmente, já que ninguém de sua idade falava o idioma, ele mesmo demorou a falar. Quando finalmente falou sua primeira frase correta em hebraico, o pai comentou com a mãe: “Agora, pela primeira vez em mais de 2 mil anos, o hebraico torna-se uma língua falada natural”. Quando Israel foi restabelecido como nação em 14 de maio de 1948, o antigo hebraico foi estabelecido como língua nacional oficial. A palavra “Israel” é derivada das palavras em hebraico que significam “aquele que lutou contra Deus” – referência à passagem bíblica em que Jacó luta com o anjo.

Masculino e Feminino

segunda-feira, 25 de junho de 2007


Existe, em muitas línguas, uma preocupação em relação ao gênero de quem está falando e, também, a quem esta pessoa que fala está se dirigindo. A maioria das línguas européias possui um cuidado gramatical com o gênero dos substantivos que, por sua vez, influencia os adjetivos empregados com eles. Nas línguas descendentes do latim, todos os substantivos são masculinos ou femininos. Línguas como o alemão, o grego e as línguas eslavas vão ainda mais longe: possuem substantivos de gênero masculino, feminino e neutro.
Entre as línguas indo-européias, talvez seja o inglês a que menos ênfase dá ao gênero gramatical do substantivo. O chinês é, provavelmente, o mais unissex em seus pronomes dentre todas as línguas, tendo a mesma palavra para “ele”, “ela” e o neutro. O russo, por exemplo, possui três gêneros, mas, de acordo com sua freqüente tendência à brevidade, não tem o artigo definido. Todos os substantivos russos são masculinos, femininos ou neutros e todos mudam de acordo com seu lugar na frase, do mesmo modo que os adjetivos que os acompanham.
Outras curiosidades acontecem em relação ao vocabulário empregado por homens e mulheres. Por exemplo, entre tribos primitivas que ainda resistem longe dos centros urbanos, como as existentes nas selvas da América do Sul, da África, do Sudeste Asiático, os antropólogos têm registrado línguas especializadas, masculinas e femininas, para atividades tribais sexualmente segregadas. Assim, as mulheres da tribo não podem mencionar as armas, a guerra, a caça ou atividades masculinas em geral, e os homens o fazem da mesma forma em relação aos alimentos, tecelagem ou vestes femininas. Se uma mulher empregar uma palavra que pertença ao vocabulário relativo à guerra ou à caça, arrisca trazer má sorte à tribo e punições para si mesma.

O legado de um sábio

terça-feira, 19 de junho de 2007


Data de uma expedição extraordinária, 1798 deve ser lembrado por todos nós como o ano de um dos maiores feitos lingüísticos de todos os tempos. Começo da incursão “militar-científica” do general francês Napoleão Bonaparte ao Egito. Napoleão levou consigo não só um corajoso exército como também um excelente grupo de sábios e técnicos, munidos de livros, instrumentos científicos e duas tipografias completas. Ao todo, cento e sessenta e sete cientistas civis.
Eram cartógrafos, arqueólogos, desenhistas, naturalistas, botânicos, engenheiros, geólogos, historiadores e até um maestro. O trabalho executado foi primoroso, e culminou naquilo que seria um dos mais magníficos feitos da atividade editorial da época: a “Description de l’Egypte”, nove volumes de texto in folio e catorze com ilustrações, incluindo novecentos mapas de zoologia, botânica, mineralogia, costumes, paisagens e arqueologia, documentados com amplos textos descritivos. Um verdadeiro tesouro!
Dentre os objetos recolhidos durante a expedição de Napoleão, constava uma estela de aparência totalmente insignificante. Foi dada casualmente a um oficial, um tal Bouchard, que a passou aos cientistas. Constatada a importância do monumento, este foi prontamente litografado e várias cópias foram enviadas a especialistas em línguas mortas.
A estela trazia um mesmo texto em três inscrições diferentes: a primeira em hieróglifos, a segunda em demótico e a terceira em grego. Foram necessários quinze anos para a interpretação da parte em demótico, cujo mérito cabe ao sueco J. D. Akerblad (1814). Porém, os hieróglifos resistiram, inflexíveis.
A façanha coube, então, a Jean-François Champollion, um verdadeiro gênio da linguagem que aos 19 anos já era professor em Grenoble. A decifração da estela, a qual passou a chamar de "A Pedra Rosetta", tornou-se sua obsessão. Em sua Lettre à M. Dacier, lida na Academia Real aos 27 de setembro de 1822, anunciava a primeira descoberta sobre o uso do alfabeto fonético do qual os egípcios se serviam para escrever os nomes dos faraós da dinastia ptolomaica e dos imperadores romanos.
Finalmente, em 1824, surgia seu Précis du système hiéroglyphique des anciens Egyptiens. Embora ainda rudimentar, a chave era finalmente encontrada. Foram publicados também (postumamente) sua Grammaire Égyptienne e Dictionnaire Égyptien, bem como o Panthéon Égyptien, entre outros.
Click nos links e faça o download das obras originais em francês. Assim que possível, neste mesmo post, disponibilizarei outras obras de Champollion.

A Grande Africana

sexta-feira, 15 de junho de 2007


Há vários elementos que contribuem para a difusão de uma língua. Elas se espalham pelo mundo através das guerras, através da busca por terras férteis e alimentos, conquistas, migrações e colonizações, através até do comércio e mesmo da religião. Dentre as línguas que mais se difundiram pela colonização estão, por exemplo: Inglês, Francês, Holandês e Português. Hoje, em função do comércio, cresce cada vez mais a influência de línguas como, por exemplo, o Chinês. Uma língua suplanta outra quando se demonstra mais útil para a população como um todo. Por esse motivo, alguns paises africanos, ex-colônias francesas e inglesas, após escolherem como língua oficial um idioma africano, acabaram retornando para o Inglês ou Francês pelas suas vantagens internacionais e pela disponibilidade de material didático nesses idiomas. Contudo, uma língua africana merece uma referência à altura de seu destaque: o Swahili. Língua falada, como idioma oficial, por milhões de pessoas da costa oriental africana, o Swahili ou Kiswahili pertence ao mesmo grupo de línguas como Mbundu, Sesoto ou Kongo. O termo “Swahili” significa “a costa” e era usado pelos primeiros visitantes árabes para designar a região do litoral leste da África. Não se sabe o quão antigo o Swahili é. Um antigo documento, datado do século 2 d.C., chamado “Periplus Maris Erythraei” faz uma possível menção ao Swahili ao relatar algumas palavras usadas na época. Dizia-se que os mercadores árabes visitantes da região, falavam com os nativos utilizando a língua local. Como toda língua que cresce e expande seu território, o Swahili também absorveu vocabulário de línguas estrangeiras, embora sua gramática seja essencialmente “Bantu”. É inegável a influência que línguas como o Árabe, o Inglês e mesmo o Português exerceram sobre o Swahili. Do Inglês, palavras como: bank (benki), driver (dereva) ou cigarette (sigara). Do Árabe, derivam, por exemplo: livro (kitabu) e profeta (nabii). Do Português temos exemplos como: bandeira (bendera) e mvinyo (vinho). Conheça mais sobre o assunto, visite sites como o Swahili Language and Culture e aprenda a história deste idioma fascinante.

Parentesco perdido?

quarta-feira, 13 de junho de 2007


Como estudante de História, posso dizer que é difícil encontrar alguma prova que autentique a crença na presença de exploradores europeus na América, antes de Colombo. Contudo, há indícios que não devem ser ignorados e que, com uma boa dose de desprendimento ao ceticismo, devem ser vistos com mais cuidado. Eu não estou falando da Pedra Rúnica de Kensington ou da Pedra do Ingá, na Paraíba, ou ainda dos vestígios vikings de L’Ance-aux-Medeaux, no Labrador, e sim, das semelhanças lingüísticas entre povos tão distantes uns dos outros como, por exemplo, os povos da tribo Mandan e os Galeses. Uma descoberta interessante ocorreu no final do século XVIII, quando um grupo inglês de levantamento territorial trabalhava no território da Louisiana. Há relatos de que vários membros do grupo, que falavam o galês, conseguiam compreender os membros da tribo Mandan, que falavam uma língua que parecia diretamente derivada do idioma galês. Por exemplo: pão em galês é “barra”, em mandan é “bara”; velho em galês é “hen”, em mandan é “her”; azul em galês é “glas” assim como em mandan. E as semelhanças não param por aí. O comandante da expedição inglesa supunha que os mandans fossem descendentes de uma expedição histórica, liderada pelo príncipe Madoc de Gales, que havia partido para o Ocidente em 1170 e da qual nada mais se soubera desde então. Segundo o próprio comandante, os mandans possuíam pele clara e muitos deles tinham olhos cinzentos ou azuis, e as mulheres eram “extremamente belas”. A tribo Mandan foi posteriormente dizimada por doenças. Os poucos sobreviventes misturaram-se aos Sioux, tribo que habitava um território mais ao norte. Os mandans continuaram empregando palavras galesas e preservando tradições da mesma origem até desaparecerem por completo. Para quem quiser ler mais sobre a expedição do príncipe galês, acesse Madoc 1170 – Europeans in America.

Origens do Inglês

segunda-feira, 11 de junho de 2007


Até a chegada dos Anglo-Saxões ao território que hoje compreende a Grã-bretanha, ninguém da população local falava inglês, e sim, uma variedade de línguas celtas. Quando lá chegaram, vindos através do Mar do Norte, oriundos da Germânia e partes da Escandinávia, os Anglo-Saxões trouxeram com eles sua língua. Nos referimos hoje à essa língua como Old English, (estabelecida depois como dialeto do poderoso reino de Wessex). Por isso, diz-se hoje que, línguas como o inglês, holandês, alemão e línguas escandinavas (com exceção do finlandês) são todas correlacionadas e pertencentes ao grupo germânico. Pelo vocabulário podemos ver a semelhança (find / finden / vinden ou house / haus / hus). Claro que essa língua variava de região para região. As tribos anglo-saxônicas também possuíam seus dialetos. Por exemplo, o Saxão Ocidental era bem diferente do Northumbriano. Os Normandos, que chegaram à região britânica em 1066, eram Vikings que se assentaram primeiramente na região da França. No momento em que chegaram à Inglaterra, os Normandos falavam uma mistura de Norueguês Antigo com Francês, daí a influência tão forte do Francês na língua inglesa. O Inglês moderno evoluiu a partir deste dialeto influenciado pelos Normandos e falado na capital (a cidade de Londres). Para saber mais sobre a história da língua inglesa, acesse o HEL Website (History of the English Language).

Preservando a identidade

sexta-feira, 8 de junho de 2007


Mais de mil línguas independentes eram usadas no Novo Mundo quando lá chegaram os primeiros exploradores e colonizadores; esse número caiu hoje em pelo menos 60 por cento. Já que está em declínio o número de línguas faladas em todo o mundo, os lingüistas estão fazendo de tudo para tentar preservar as que hoje estão ameaçadas de desaparecer por completo. Um exemplo disso ocorreu há alguns anos quando o último falante do idioma da tribo de tártaros negros da Sibéria gravou exemplos de sua linguagem para lingüistas russos. Como o fez também o último membro da tribo Mandan dos Estados Unidos para etnólogos americanos. Esse trabalho de extrema importância vem sendo realizado por entidades como a SIL International (Summer Institute of Linguistics), que há décadas vem catalogando línguas e sistematizando gramáticas, para que seja possível a continuidade da língua através do ensino aos descendentes de tribos remotas e povos perdidos nos quatro cantos do mundo.

Boas Vindas!

terça-feira, 5 de junho de 2007


Caro leitor!

Seja bem-vindo. Este blog foi criado para aqueles que, como eu, adoram estudar idiomas. Porém, nossa intenção não é discutir de forma tediosa assuntos técnicos sobre pragmática, semântica ou estilística, mas sim trazer, de uma forma interessante, informações curiosas sobre os idiomas do mundo. Sempre que possível, também disponibilizarei algum material interessante para download, livros, textos, artigos, etc...
A escolha do nome “Babel” não é mistério para ninguém. Trata-se realmente da famosa torre, mencionada no livro bíblico “Gênesis”, cuja pretensiosa construção teria impelido Deus a fazer com que seus construtores passassem a falar línguas diferentes, não se compreendendo entre si, tornando impossível a continuidade do intento.
Hoje, 5 de junho de 2007, nasce “Babel – As línguas do Mundo” e, ao contrário da famosa torre, este blog terá, com sua ajuda, uma longa continuidade. Salve esta página em seus favoritos, faça seus comentários e contribua para o crescimento deste guia de curiosidades sobre as línguas do mundo.