Seja bem-vindo ao nosso blog. Faça comentários, envie e-mails com sugestões e dicas. Sua ajuda é muito importante.

O legado de um sábio

terça-feira, 19 de junho de 2007


Data de uma expedição extraordinária, 1798 deve ser lembrado por todos nós como o ano de um dos maiores feitos lingüísticos de todos os tempos. Começo da incursão “militar-científica” do general francês Napoleão Bonaparte ao Egito. Napoleão levou consigo não só um corajoso exército como também um excelente grupo de sábios e técnicos, munidos de livros, instrumentos científicos e duas tipografias completas. Ao todo, cento e sessenta e sete cientistas civis.
Eram cartógrafos, arqueólogos, desenhistas, naturalistas, botânicos, engenheiros, geólogos, historiadores e até um maestro. O trabalho executado foi primoroso, e culminou naquilo que seria um dos mais magníficos feitos da atividade editorial da época: a “Description de l’Egypte”, nove volumes de texto in folio e catorze com ilustrações, incluindo novecentos mapas de zoologia, botânica, mineralogia, costumes, paisagens e arqueologia, documentados com amplos textos descritivos. Um verdadeiro tesouro!
Dentre os objetos recolhidos durante a expedição de Napoleão, constava uma estela de aparência totalmente insignificante. Foi dada casualmente a um oficial, um tal Bouchard, que a passou aos cientistas. Constatada a importância do monumento, este foi prontamente litografado e várias cópias foram enviadas a especialistas em línguas mortas.
A estela trazia um mesmo texto em três inscrições diferentes: a primeira em hieróglifos, a segunda em demótico e a terceira em grego. Foram necessários quinze anos para a interpretação da parte em demótico, cujo mérito cabe ao sueco J. D. Akerblad (1814). Porém, os hieróglifos resistiram, inflexíveis.
A façanha coube, então, a Jean-François Champollion, um verdadeiro gênio da linguagem que aos 19 anos já era professor em Grenoble. A decifração da estela, a qual passou a chamar de "A Pedra Rosetta", tornou-se sua obsessão. Em sua Lettre à M. Dacier, lida na Academia Real aos 27 de setembro de 1822, anunciava a primeira descoberta sobre o uso do alfabeto fonético do qual os egípcios se serviam para escrever os nomes dos faraós da dinastia ptolomaica e dos imperadores romanos.
Finalmente, em 1824, surgia seu Précis du système hiéroglyphique des anciens Egyptiens. Embora ainda rudimentar, a chave era finalmente encontrada. Foram publicados também (postumamente) sua Grammaire Égyptienne e Dictionnaire Égyptien, bem como o Panthéon Égyptien, entre outros.
Click nos links e faça o download das obras originais em francês. Assim que possível, neste mesmo post, disponibilizarei outras obras de Champollion.

0 comentários: